Conjunto constituído por partes cavas da ópera O Desertor Francês. A autoria está atribuída, no catálogo impresso organizado pelo cónego Alegria (1989), ao compositor António Leal Moreira. Entretanto, trata-se de uma versão em português da ópera Il Disertor Francese (1779) do compositor Giuseppe Gazzaniga, levada à cena em Lisboa, no Real Teatro de São Carlos, sob a direção de Leal Moreira, em 1796. A atribuição ao compositor português deve-se ao libreto impresso da produção realizada no Teatro Carignano, em Turim, no verão de 1800, no qual aparece indicado "La Música è del celebre signor Maestro Leali all´attuale servizio di S. M. ir re di Portogallo". No mesmo ano, para a representação da ópera no Teatro alla Scala, em Milão, o libreto impresso também indicava "Il celebre Maestro Leali all´attual servizio della Corte di Portogallo". No Conservatório Giuseppe Verdi, encontram-se custodiados dois trios manuscritos que integraram a mesma ópera, atribuídos também ao "Maestro Leali", o que reforça a suposta autoria de Leal Moreira. Conforme apurou David Cranmer, as versões apresentadas em Turim e Milão são um pastiche da ópera de Gazzaniga, com a inclusão de um trio de Leal Moreira e, no caso de Milão, também uma ária de Cimarosa. O conjunto de Vila Viçosa certamente é uma adaptação da versão italiana apresentada no Real Teatro de São Carlos, para a representação, em língua portuguesa, nos teatros públicos de Lisboa (Teatro da Rua dos Condes e Teatro do Salitre), como era a praxe. O texto em português corresponde exatamente à tradução que aparece no libreto da produção do Teatro São Carlos (consultar:
https://www.loc.gov/resource/music.musschatz-16307/?sp=3&st=image). A esta cota foram adicionadas as partes cavas de ob 1, 2, fag 1, 2, cor 1, 2, bc e ponto que se encontravam no A.M. G2-117.06, esta transferência foi efectuada no dia 19/03/2019.