Copista autêntico. Em CatAjuda, vol. IX, p. LXII, é referido o copista da Casa Real «António Joaquim da Silva», activo entre 28/11/1805 e 1831, com a obrigação de copiar «toda a música necessáriapara Mafra», ganhando 115$200 por ano (Cf. ACR, Lº. 139, passim; Lº. 933, f. 132; Lº. 2979, f.81v). Assinou um recibo de 28$800 reis correspondente ao primeiro quartel do ano de 1814(Exemplo 3: ACR, Cx. 3283, «Ordenados de Muzicos», Doc. 1(3)). É possível que Mafra1 seja António Joaquim da Silva, contratado para assegurar as cópias da música numa altura em que o Príncipe Regente passou a residir no Palácio de Mafra, e que a actividade dos cantores, organistas e compositores activos na Basílica, para além dos demais necessários meios de produção, sofreu um incremento absolutamente extraordinário. É um copista pouco consistente e atabalhoado e apresenta-se como sendo de identificação problemática: os colchetes são desenhados para a esquerda ou para a direita; as hastes são desenhadas num só movimento ou em dois e mostram formas diversas; as pausas de semínima, embora decorrentes do mesmo movimento, também são bastante diferentes entre si; a clave de sol ora é mais desenhada ora mais esquemática; a imagem do conjunto das grafias musical e literária apresenta-se muitas vezes descuidada (Exemplo 1). Quando copia partituras a sua caligrafia é mais cuidada, mas mantém as incongruências atrás apontadas. De notar que, neste último caso, as notas (e as letras) são mais pequenas, devido ao aparo mais fino e à menor dimensão dos pentagramas, e muitas vezes a haste para cima (desenhada de baixo para cima) começa por ser curva e só depois se endireita (Exemplo 2). É possível que parte das incongruências se tenha ficado a dever à pressão com que foi obrigado a trabalhar, em particular durante 1806 e, especialmente, 1807, e também à sua longevidade. Trabalhou sob a supervisão de Joaquim Casimiro da Silva. CatAjuda, vol. IX, p. LXII; ACR, Lº. 139, Lº. 933, Lº. 2979.